domingo, 1 de janeiro de 2012



Os anos passam,
as pessoas passam,
minha vida passa,
mas nada disso
se pode ver.
As palavras saem da boca,
as pernas vão para frente,
o amor adormece num canto
e, depois de um tanto,
acorda novamente.
Um dia não temos mais nada,
a não ser
o que sobrou
de nós.
Não falo de sentimento
nem de nenhum momento,
mas do que sobrou de nós:
Pele e osso,
gordura saturada,
veias e pescoço,
mãos ressecadas,
boca sem dentes,
amores de criança,
vontade, chocolate e
Talvez
uma breve e inútil
lembrança.


Fabiano Martins

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