quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Condição ou natureza humana?




Um olhar sobre a condição humana.

Apesar dos milhões de anos de evolução, me parece que a essência humana continua
presa a formas primitivas, dando uma enorme importância a aspectos como controle do poder. Como nas teorias de Adler e Freud, o que fala mais alto, o amor ou o poder?

Segundo a teoria de Adler, o meio social e a preocupação contínua do indivíduo em alcançar objetivos preestabelecidos são os determinantes básicos do comportamento humano, o que inclui a sede de poder e a notoriedade.

No livro de Saramago, Um ensaio sobre a cegueira, podemos observar todos os aspectos que envolvem a condição humana. O” homem” pode ser altruísta, mas com o mesmo empenho poderia ser um tirano que oprime os seus iguais. Quando falamos da condição humana, entramos aí em uma visão da psi social. A teoria das representações sociais está intimamente ligada as nossas construções psíquicas... quem somos? O homem seria então um copo vazio como diriam os empiristas. Podemos preenchê-lo com o que quisermos...
Amor...intolerância...compaixão...violência... só nos tornamos o que somos hj em função do meio social em que estamos inseridos. Não podemos esquecer de um outro fator importante que são as nossas primeiras experiências na infância, a forma com que aprendemos a elaborar as nossas relações com o mundo.

Na perspectiva da natureza humana

Outra teoria importante é a de Jung sobre as nossas raízes filo genéticas, o inconsciente coletivo.

“ o inconsciente coletivo, de Jung, se refere à irradiação mental, energética, quântica da humanidade desde as eras primitivas. Portanto o inconsciente coletivo existe independentemente da nossa própria existência, ele existe para alem de nos mesmos, é pré e pós existente a nós. Enquanto que a memória filo-genético está diretamente ligada à nossa própria existência física, corporal, e sucessiva geração após geração. Dão nossas características comportamentais, de "índole", nossa memória genética, nosso softwer gênico”



Na visão de Carlos A. C. Harmath M. D.(Neuropsiquiatra. Analista membro da ABPA e da IAAP. Ex-Professor Titular de Fisiologia e Biofísica da Universidade Estadual de Londrina. Ex-Professor de Neurofisiologia da Universidade Federal do Paraná., a natureza humana é uma estruturaçào arquetípica, baseada em estruturas inatas.


"Jung lançou as bases para a estruturação arquetípica da natureza humana, campo hoje também investigado pela neuroetologia, considerando que tanto a psique, como o corpo humano, têm uma estrutura definida que compartilha a continuidade filogenética com os demais filos do reino animal (2).
Jung adiantou-se aos conhecimentos de sua época. Enquanto a psicologia acadêmica e a própria psicanálise, em parte, insistia que o repertório do comportamento humano era infinitamente plástico, quase que completamente dependente das vissitudes e ocorrências do ambiente e pouco influenciados pelas estruturas inatas ou geneticamente predeterminadas, Jung insistia no oposto – enfatizava a estruturação arquetípica do comportamento humano (3). Para Jung o homem não luta para se tornar uma totalidade, já nasce como uma totalidade que buscará se desenvolver, realizar suas potencialidades na sua interação com o ambiente, com o social e com o cultural (4). Na visão de Jung, compete ao homem desenvolver esse todo, esse potencial genético que se manifestará fenotipicamente a partir das influências peristáticas (5). Em 1935, na Clínica Tavistock em Londres, Jung dizia: “O cérebro nasce com uma estrutura acabada, funcionará de maneira a inserir-se no mundo de hoje, tendo, entretanto a sua história. Foi elaborado ao longo de milhões de anos e representa a história da qual é o resultado. Naturalmente traços de tal história estão presentes como em todo o corpo, e se mergulharmos em direção à estrutura básica da mente, por certo encontraremos traços de uma mente arcaica (6) .” e no campo da neurofisiologia Paul D. MacLean aborda a análise da evolução funcional filogenética do cérebro, da qual fala Jung, e propõe o modelo do cérebro triuno (7). Tanto estruturalmente como na sua função o cérebro retrata a sua longa evolução. Apresentando-se constituído por estruturas características dos mamíferos mais evoluídos, que manifesta o seu mais alto grau de complexidade e desenvolvimento no homem."
2. Stevens, A.: Archetype a Natural History of the Self. Routledge & Kegan Paul. 1982. Page22.
3. Stevens, A.: Archetype a Natural History of the Self. Routledge & Kegan Paul. 1982. Page21.
4. Hall, C. S. e Nordby, V. J.: Introdução à Psicologia Junguiana. Editora Cultrix 1980, pagina 25.
5. Hall, C. S. e Nordby, V. J.: Introdução à Psicologia Junguiana. Editora Cultrix 1980, pagina 26.
6. Jung, C. G.: Collected Works. Vol XVIII. Parágrafo 84, pagina 41
7. MacLean, P. D.: A Triune Concept of Brain and Behavior. University of Toronto Press. 1969.

Link- http://www.symbolon.com.br/artigos/Psicologia-Junguiana-a-luz-da-Neurociencia.doc

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