domingo, 9 de agosto de 2009

O conhecimento do espelho

O tipo de compreensão expressa pelo conhecimento do espelho é uma forma de visão mística muito particular dos indianos. Ela é encontrada de maneira muito intensa na doutrina hindu de "maya", que é o poder criativo e mágico da ilusão




A vida é sempre como uma caixinha de surpresas...mesmo quando vc acha que já viu de tudo, algo diferente se apresenta. Este algo diferente também pode ser representado como uma reação fora do padrão, como exemplo, podemos citar um apreço por pessoas e coisas. Vc percebe algumas pessoas tão especiais e inteligentes, ou vc adora andar com o seu carro vermelho aos domingos, isto te completa; até que um dia, vc acorda e percebe que algo mudou. Vc já não gosta de andar de carro, ou este movimento já não te completa. Vc percebe que algumas pessoas a quem vc idolatrava, já não estão mais em um pedestal, elas já não estão mais acima do bem e do mal.Foi a sua expectativa que mudou? Ou estaria dentro do conceito da maya? A ilusão que nos faz ver, pensar sentir coisas de formas diferentes?

Uma vez uma amiga me disse que freqüentava um lugar muito especial, mas a percepção dela hj, deste lugar, já não era a mesma. Segundo ela na primeira vez que fora a este espaço tudo fazia sentido, mas hj as coisas já eram percebidas de forma diferente...As pessoas ainda eram as mesmas,o lugar ainda era o mesmo, mas a percepção dela em relação aquele lugar já não era a mesma,a lusão inicial já não exercia sobre ela, o mesmo fascínio.





Acredito nas palavras do poeta, quando ele fala que somos uma metamorfose ambulante.Isso me faz lembrara de Heráclito, filosofo grego, que dizia: Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros

...a mudança constante, ou a impermanência...estamos condenados a ela nesta existencia. Ela é boa e má... esta dualidade também é ilusão

E Falando em dualidade e impermanência, a pergunta é : ser criterioso ou não ser, eis a questão.... Estar aberto para a vida de forma com que vc não permita que sua base cognitiva crie pré-conceitos sobre algo, ou estar sempre atendo, e se deixar nortear por sua base de valores....e ser contaminado por ela?

Eu acho que a famosa frase que William Shakespeare usou em Hamelet, SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO, falava um pouco disso. Dessa duvida que nos assola, da falta de certezas, e da certeza de saber que estamos sendo sempre enganados por um sistema cognitivo viciado. Vivendo em maya ...ilusão

Francesca Fremantle, em "Vazio Luminoso", cita Maya e explica a visão budista de maya.

” Algumas vezes as pessoas consideram o conceito de "maya" niilista, porque supõem que ele signifique que tudo é totalmente irreal e, portanto, sem valor. Mas a natureza essencial de uma ilusão é que ela, na verdade, aparenta ser totalmente real; tem de ser convincente ou não poderá ser chamada de ilusão.

No budismo, isso é conhecido como verdade relativa ou convencional. Enquanto permanecermos sob seu poder, devemos respeitar seu nível de realidade e obedecer às suas leis, ou faremos mal a nós mesmos e aos outros. É somente à luz de uma compreensão mais elevada e mais abrangente que finalmente a reconheceremos pelo que ela é.

Então, sabendo que ela não é real em última instância, podemos tomar parte nela sem que sejamos tomados por ela. Podendo ser plenamente desfrutada como a expressão espontânea de uma realidade maior. Aquela aparência vívida da peça da ilusão é o que percebemos com o conhecimento do espelho”

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